A mulher não esteve presente no velório e está foragida. A Polícia Civil pede à população que eventuais informações sobre o paradeiro da envolvida sejam repassadas pelo telefone (18) 3264-1333 (Foto: Redes Sociais)
A mulher não esteve presente no velório e está foragida. A Polícia Civil pede à população que eventuais informações sobre o paradeiro da envolvida sejam repassadas pelo telefone (18) 3264-1333 (Foto: Redes Sociais)

Um homem, de 47 anos, que não teve o nome divulgado pela Polícia Civil, foi preso de forma temporária, nesta segunda-feira (26), por suspeita de participação na tentativa de homicídio que vitimou o fazendeiro Airton Braz Paião, de 54 anos, na última quarta-feira (21) em Iepê. 

Depois de ter sido alvo de uma emboscada na quarta-feira (21), quando levou quatro tiros na cabeça e uma facada nas costas, Paião foi hospitalizado na Santa Casa de Misericórdia, em Presidente Prudente, onde foi morto a tiros no sábado (24) pelo soldado policial militar Marcos Francisco do Nascimento, de 30 anos, que se matou em seguida.

Conforme informações do delegado responsável pelo caso, Carlos Henrique Bernardes Gasques, há ainda um mandado de prisão contra Elisângela Silva Paião, de 47 anos, esposa do fazendeiro e também alvo das investigações realizadas pela Polícia Civil, que apuram a possível participação dela no crime que resultou na morte do marido.

Ela não esteve presente no velório do marido e, segundo o delegado, esse fato chamou a atenção dos policiais. Elisângela está foragida e a Polícia Civil pede à população que eventuais informações sobre o paradeiro da envolvida sejam repassadas pelo telefone (18) 3264-1333.

Ainda conforme a polícia, a foragida “possivelmente” teria um relacionamento extraconjugal com o policial militar.

“Nossa linha de raciocínio é no sentido de que ela [Elisângela] articulou junto com o PM isso ou, no mínimo, instigou ele [policial militar] a matá-lo [fazendeiro]”, salientou Gasques.

Os mandados de prisão temporária valem por 30 dias, podendo ser prorrogados por igual período.

Tentativa de homicídio

Na última quarta-feira (21), o homem de 54 anos foi vítima de uma tentativa de homicídio no km 116 da Rodovia Jorge Bassil Dower (SP-421), em Iepê. Ele levou quatro tiros na região da cabeça e foi esfaqueado nas costas.

Conforme o delegado, o fazendeiro parou na rodovia para prestar socorro a um carro que, supostamente, estava quebrado e foi surpreendido por duas pessoas.

A caminhonete dele e um celular foram levados. O veículo foi localizado na quinta-feira (22).

Depois de atingido pelos tiros e pela facada, o fazendeiro caiu no chão e, para se desvencilhar dos agressores, fingiu que estava morto. Quando percebeu que os agressores já haviam saído do local, Paião conseguiu se levantar e pedir ajuda, com o quê foi socorrido.

Paião foi encaminhado para a Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente, onde permaneceu internado até o sábado (24), quando foi assassinado pelo policial militar Marcos Francisco do Nascimento.

O fazendeiro iria passar por uma cirurgia na próxima terça-feira (27), na Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente, para a retirada dos quatro projéteis de arma de fogo que estavam retidos em sua cabeça em decorrência dos disparos sofridos em Iepê.

Da esquerda para a direita, o soldado policial militar Marcos Francisco do Nascimento, Elisângela Silva Paião e Airton Braz Paião  (Foto: Redes Sociais)
Da esquerda para a direita, o soldado policial militar Marcos Francisco do Nascimento, Elisângela Silva Paião e Airton Braz Paião (Foto: Redes Sociais)

Crime consumado

O soldado policial militar Marcos Francisco do Nascimento, de 30 anos, assassinou o fazendeiro Airton Braz Paião, de 54 anos, e depois se suicidou, na manhã deste sábado (24), na Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente.

Em nota oficial, a Santa Casa informou que o policial havia entrado no hospital para fazer uma visita a um paciente internado. Na ocasião, o soldado matou o paciente e, em seguida, suicidou-se, a tiros.

Segundo a Polícia Civil, o soldado disparou dois tiros contra o paciente internado no hospital e, em seguida, se matou com um tiro na cabeça.

A arma usada pelo policial foi apreendida e será periciada.

Quando chegou ao hospital, o soldado Marcos Francisco do Nascimento disse na portaria que era policial e que queria conversar com o paciente Airton Braz Paião. Já no quarto hospitalar, o policial falou com uma irmã do paciente e disse à mulher que queria conversar com a vítima. Na sequência, Nascimento fez os disparos que mataram Paião e se suicidou.

A perícia da Polícia Científica recolheu a arma usada pelo policial militar, uma pistola de calibre .40, com um carregador e quatro cápsulas deflagradas.

Junto ao corpo do policial militar, foi encontrada uma carta manuscrita, que também foi apreendida.

Ainda foram recolhidos documentos pessoais e a quantia de R$ 32 em dinheiro que estavam com o soldado.

O delegado Carlos Henrique Bernardes Gasques contou que inicialmente o caso ocorrido na quarta-feira (21), em Iepê, era tratado como um roubo seguido de lesão corporal grave, ou uma tentativa de latrocínio.

Através de imagens de uma câmera de monitoramento, a Polícia Civil conseguiu identificar, a sexta-feira (23), que um veículo de propriedade do policial militar tinha sido utilizado no crime em Iepê.

O soldado prestou depoimento à Polícia Civil e negou envolvimento com o crime em Iepê. Ele disse, segundo o delegado, que não estava com seu veículo na quarta-feira (21). Depois de ouvir o soldado, a Polícia Civil decidiu liberá-lo, já na madrugada deste sábado (24).

Ainda segundo o delegado, o policial militar era morador de Londrina (PR) e trabalhava em uma unidade da Polícia Militar do Estado de São Paulo na cidade de Iepê. Quando estava em trabalho, ele dormia na própria unidade policial.

A Polícia Civil relatou que não tinha registro de ocorrência contra o soldado nem relato de violência por parte dele ou notícia de que apresentava problemas na cidade de Iepê.

‘Romance’

O delegado Carlos Henrique Bernardes Gasques, responsável pelas investigações, explicou sobre a operação que prendeu temporariamente um suspeito de envolvimento na tentativa de assassinato contra o fazendeiro.

“Nesta segunda-feira, 13 policiais civis, em quatro viaturas policiais, deflagraram uma operação para prender temporariamente o autor dos fatos, que estaria na cena do crime na [última] quarta-feira [21]. E, neste mesmo contexto, fora expedido o mandado de prisão temporária para a senhora Elisângela, esposa da vítima”, disse o delegado.

Gasques detalhou o que teria levado o homem a ir até o canavial onde ocorreu a tentativa de homicídio, na última quarta-feira (21), em Iepê.

“Este produtor rural estava mantendo contato, pelo WhatsApp, com uma moça chamada ‘Sara Maria’, mas a polícia já concluiu que essa conta era inexistente e que essa conta o levou até as proximidades desse canavial. E lá de dentro saíram dois indivíduos, encapuzados, desferindo tiros em direção à vítima e uma facada em suas costas. Foi possível concluir esse raciocínio porque a vítima, embora tenha sido alvejada, estava em condições de falar e conseguiu apontar que eram dois indivíduos encapuzados que estavam em um determinado veículo”, complementou o delegado.

“Nós conseguimos fazer essa identificação porque a vítima apontou o veículo supostamente envolvido, aí os investigadores da delegacia conseguiram fazer um trabalho de monitoramento de câmeras de toda a cidade, inclusive do canavial, e chegamos à conclusão que esse veículo era do policial militar. Também conseguimos avançar na investigação que tinha mais uma pessoa dentro do veículo no dia do crime, que é o que nós prendemos hoje”, explicou.

Gasques também falou o motivo pelo qual a polícia procura a esposa do fazendeiro assassinado.

“Circula na cidade a informação de que a esposa do produtor rural teria um romance com ele [policial militar Marcos Francisco do Nascimento], e ela confirmou para mim, informalmente, que tinha. Porém, o policial militar falou somente que era muito amigo dela e que sabia de coisas que incomodavam [o fazendeiro]. Ela falou também para mim que gostava muito desse policial, e que pretendia se separar do seu marido, e aconteceu essa fatalidade”, pontuou.

“Nós cumprimos um mandado de busca na casa dela, mas ela não foi encontrada na casa. Familiares noticiaram que ela talvez estaria em Porecatu [PR], uma outra equipe policial se deslocou até lá, mas sem êxito na localização. Então, ela é considerada foragida. Se alguém tiver informação, a Polícia Civil vai estar com os canais de atendimento disponíveis para que a gente possa localizá-la e dar um pouco de resposta para a sociedade”, completou o delegado.

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